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Se ele duvidasse de sua insanidade, sua suspeita não tinha fundamento mais firme do que a areia rasa onde repousava sua esperança de que ela estivesse atuando. Ao longo dessa passagem, ele não pensou em considerá-la filha de uma grande atriz. Para ele, ela sempre fora uma moça gentil, doce e discreta, ingênua na fala, bondosa, caridosa, amada pelos pobres, alguém cujas atividades eram amáveis e puras. Ela era ágil e poética com seu lápis. Cantava belas canções com delicadeza. Sua beleza emoldurava com uma cor própria as melodias que seus dedos evocavam das teclas ou cordas dos instrumentos que tocava. Ele não conseguia imaginar que ela tivesse os talentos de uma atriz, ou mesmo o gosto de uma. Nunca ouvira falar dela participando de uma performance que ultrapassasse uma charada. Nada, portanto, além da loucura ou de um gênio dramático extraordinário que era impossível para ele imaginar que ela possuísse, poderia criar aqueles papéis que ela havia encenado diante dele de uma maneira tão imoderadamente realista, tão absolutamente em uníssono com o que ele próprio conseguia conceber do comportamento da loucura, que no fundo de sua alma pudesse ser encontrada a convicção de que ela havia perdido a razão, e que seu amor apaixonado e sem princípios era a causa disso. Elinor colocou a mão nervosa de Judith em seu regalo, dentro do seu próprio.